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sábado, 11 de fevereiro de 2012

OLHO GORDO:




Nas crianças se chama quebranto, é um esmorecimento geral, um langor, uma quebreira da vontade que toma conta do corpo. Pode dar em qualquer pessoa.
 
    Tem sido atribuído à força do olhar de invejosos ou mal-intencionados. Acontece também que algumas pessoas isentas de inveja tem olhar forte, condição desconhecida as vezes até do próprio dono do olhar.

       Na sociedade primitiva, o invejoso, outro tipo de pessoa de olhar forte, é sempre rejeitado, porque influi no ânimo das pessoas. E fácil conhecer quando acontece o mau olhado. Se ao olharem para nós começarmos a espirrar, ou abrirmos a boca em longos bocejos, sem parar, é sinal de que fomos atingidos.

     Não é de hoje que se temem os seus efeitos. Demócrito mencionava já entre os mediterrâneos essa crença, da qual não conseguira determinar as origens. Aristóteles comentava que o olhar de algumas pessoas podia causar perturbação funesta no corpo e na mente dos fascinados. A história de Medusa, cujo olhar petrificava as pessoas é uma história de mau-olhado.

    Os povos antigos conheciam a figa, símbolo sexual e amuleto, para afastá-lo.
 
      Entre nós, usa-se a figa feita de duas plantas mágicas: de arruda e de guiné para o mesmo fim.

      O mau olhado é força mais branda do que o feitiço e na maioria das vezes não é premeditado. Contra ele, além da figa e da fava-da-inveja que se colocam no pulso ou no pescoçinho das crianças, usam-se as plantas mágicas: a arruda, a guiné, comigo-ninguém-pode e outras; fazem-se os ensalmos e cumprem-se os rituais das simpatias.

     A crença no mau-olhado é universal. A língua dos povos atesta a sua difusão e persistência. E o mal-occhio, o evil eye, o mal de ojo. Entre nós é chamado além de mau-olhado, olho de seca-pimenteira, olho-grande, olho de inveja, olho-mau, maus-olhos.

    No IX livro das Noites Áticas, Aulo Gélio conta que as pessoas da Ilíria podiam matar, estando irritadas, apenas olhando fixamente para o adversário. (In Dicionário de Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo).

     A mágica de proteção contra o mau-olhado na antiga Grécia era desenhar ou gravar olhos nos objetos, para defender das forças invisíveis do mal. Talvez reminiscência da maga Medusa, uma das Górgonas, de olhos tenebrosos e cujo olhar fazia se transformarem em pedra as pessoas que os fitavam.

     Os amuletos mais populares contra o mau-olhado são: a figa, o corno, a mão cornuda, a meia lua, o corcunda, o elefante. Usa-se também uma fitinha vermelha, amarrada no pulso o ou em torno do pescoço.

       A figa é o mais usado e o mais antigo dos amuletos contra o mau-olhado. Sobrevive nos usos dos povos os mais diversos. Sabe-se que já existia entre os etruscos. E mencionada por Dante, por Shakespeare. Entre os povos da antigüidade, como símbolo fálico, prendia-se aos cultos da fertilidade e da fecundidade. Em Roma era usada no pescoço das mulheres e das crianças, o que provocou o desaprovador reparo de Varrão, de que a figa é a representação do ato sexual, sendo polegar em riste apertado entre o indicador e o médio dobrados, o órgão masculino penetrando o órgão feminino.

      Encontraram-se inúmeras figas nas ruínas de Herculano e de Pompéia. Hoje ela vive um pouco nos folclores de toda a Europa de onde passou para as Américas.

       Autor Desconhecido

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