quinta-feira, 24 de abril de 2014
O QUE É O JOGO DE BÚZIOS?
Para vc que perguntou: O QUE É O JOGO DE BÚZIOS?
O jogo de búzios é uma das artes divinatórias, utilizadas nas religiões tradicionais africanas e na religiões da
Diáspora Africana, instaladas em muitos países das Américas.
Existem muitos métodos de jogo; o mais comum consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios, sobre uma mesa previamente preparada e na análise da configuração, que os búzios adotam, ao cair sobre ela.
O adivinho, antes reza e saúda todos os Orixás e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas. Considera-se que, as divindades afetam o modo como
os búzios se espalham pela mesa, dando assim, as respostas
às dúvidas que lhes são colocadas.
Búzio, concha de praia de vários tamanhos, utilizada como
objeto de adorno, nas roupas dos Orixás, onde são aplicados formando desenhos, em colares chamados de fio-de-contas,
onde são colocados como fecho ou como Brajá,
totalmente feito de búzios, imitando as escamas de uma cobra, como objeto de comunicação com os Orixás, nas consultas
ao jogo de búzios e Merindelogun.
O búzio tem uma abertura natural e uma parte ovalada;
a maioria dos adornos e jogos de búzios, são feitos com
os búzios cortados, onde é tirada a parte ovalada do mesmo.
Existe muita discussão sobre qual, seria o aberto e o fechado.
A legenda das fotos estaria trocada, na visão das pessoas que consideram a parte quebrada como sendo o aberto.
Outros consideram que a abertura natural do búzio, seja o
aberto e a outra, que é quebrada e ralada, seja o fechado.
Alguns sacerdotes, jogam com os búzios inteiros nesse caso,
o aberto, é a abertura natural do búzio.
No Brasil os búzios (conchas pequenas de praia),
cawris na África, eram usados como dinheiro, foi moeda
corrente e usados pelos Babalorixás e Iyalorixás, para
comunicação com os Orixás, nas consultas ao jogo de búzios
ou Merindelogun.
Usado para consultar o futuro, de acordo com a
religião Batuque, Candomblé, Omoloko, Tambor de Mina,
Xambá, Xangô do Nordeste ou como adorno em roupas dos
Orixás e para confecção de alguns fio-de-contas.
Também é usado em outras religiões afro-descendentes,
em vários países. Sua origem é médio-oriental,
mais precisamente a região da Turquia.
Penetrou na África, junto com as invasões daqueles povos aos africanos.
Adotado pelas mulheres, pelo fato de que o Opele-Ifá
e Opon-Ifá (jogos divinatórios originalmente africano),
é destinado somente aos homens.
Entrou na vida e na Cultura Yorubá e enraizou-se tão profundamente, que hoje o Merindilogun (jogo de buzios) é
mais conhecido que o verdadeiro oráculo dos Babalawos
(o Opele-Ifá e Opon-Ifá) também o mais utilizado aqui no Brasil.
No entanto, segundo algumas correntes e crenças,
nem todas as pessoas podem ler búzios.
Esta prática está destinada apenas à pessoas,
com uma forte espiritualidade.
De forma geral, estão pré destinadas às Mães, Pais, ou filhos de Santo, após a Obrigação de 7 anos, com o recebimento dos direitos, autorização e ensinamentos, dados pelo Sacerdote.
Além dos búzios, pode-se utilizar outros objetos,
para consulta dos Orixás: obí, orobô, alobaça (cebola),
atarê (pimenta da costa), ossos, víceras, e outros.
O jogo com quatro búzios, mais utilizado nos rituais para perguntas, normalmente as caídas correspondem às caídas do jogo de Obi.
A quantidade de búzios pode váriar, de acordo com a Nação;
o mais comum é composto de 16 ou 17 búzios,
mas o jogo com 21 búzios, também é muito comum.
Alguns métodos, não se baseiam em caídas por Odú, como no Merindilogun; usam outras configurações e
combinações de búzios abertos e fechados, dividindo-os em
quatro grupos de quatro búzios (que chamam de barracão)
e analisam as quatro caídas e a disposição que elas se
encontram; nesse tipo de Oráculo, não se fala em Odú.
Um outro método de jogo, é feito com as víceras dos animais oferecidos aos Orixás e um outro jogo, que utiliza ossos
de animais, unicamente ou em combinação, com búzios;
em ambos casos, também não são orientados por caídas de Odú.
Em alguns métodos o olhador (adivinho), senta-se no chão e
joga na própria terra, sem toalhas e enfeites, como era feito no passado, é um jogo mais simples e rústico.
Podem ser jogados apenas em uma toalha branca numa mesa,
ou num círculo formado por fio-de-contas (colares), com vários objetos representativos dos Orixás ou numa peneira,
também com fio-de-contas e objetos.
Existem mesas de jogo simples ou sofisticadas,
dependendo das posses, podem conter até sinetas e
objetos de ouro.
É diferente do (Opelé-Ifa), (Opon-Ifa) e Merindilogun,
que são orientados por caídas de Odú, antigamente mais
utilizados pelos Babalawos, Sacerdotes de Ifá, mas
recentemente muitos Babalorixás e Iyalorixás, já fazem uso
desses oráculos também.
A consideração entre aberto e fechado do búzio, também pode variar, a grande maioria dos Babalorixás, utiliza a abertura
natural do búzio como sendo o lado "aberto",
mas várias mulheres no culto do Candomblé, principalmente
na Nação de Keto, acostumaram a jogar como "aberto",
o lado em que elas "abriam" o búzio,
assim a fenda natural sendo o lado "fechado",
afirmando que o verdadeiro segredo em um búzio, fica
guardado em seu estado natural, este é revelado apenas
após sua abertura cerimonial, arrancando-se esta parte,
até então fechada, assim vários Babalorixás e Iyalorixás que aprenderam por este método, fazem esta forma "invertida" de leitura, ao apresentado nas imagens.
A grande verdade é que ao sagrar um formato, onde seja considerado aberto/fechado, este sacerdote não mais o
inverte, e passa aos seus filhos, o conhecimento desta forma, assim sendo particular de cada casa, o cenário de leitura.
Existe também o método, que é dado um significado para cada búzio, e um deles que normalmente é o maior, é atribuído a qualidade de representante de Deus e recebe o nome de Oxalá.
Os outros falam através dele.
Um exemplo: depois de lançar as pedras do jogo,
o bico do búzio maior (Oxalá), vai verificar qual os búzios que caíram em sua direção. Esses que caíram na linha deste búzio,
falam no jogo, de acordo com a sua característica.
Os que caíram atrás do búzio, ou seja, que não estão na frente
do bico do búzio, falam pelo passado.
FONTE: CLAUDIA KRINDGES
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