quinta-feira, 29 de maio de 2014

BRAHMA - DEUS DA CRIAÇÃO:


BRAHMA – O Deus da Criação. Conforme a crença hindu, no inicio tudo era escuridão e silêncio. O Universo parecia mergulhado num grande sono até que o BRAHMAN* mudou este estado de coisa. Primeiro, fez surgir as “Águas Cósmicas” e nelas depositou uma semente. Com o passar do tempo a semente se transformou num resplandecente “Ovo Dourado”. BRAHMAN, que não tinha forma passou, então, um “Ano Cósmico” dentro do “Ovo Dourado” e dele emergiu na forma de uma divindade. Esse novo deus ganhou o nome de BRAHMA (sem o “N” final) e foi incumbido de uma missão especial: criar o Mundo e suas criaturas. (Seria essa a matriz do Demiurgo referido por Platão?). Mal nasceu, já começou a cumprir sua tarefa. Conta-se que quando o “Ovo” se quebrou, a casca de cima originou a esfera celeste, enquanto que a inferior formou a esfera terrestre. O primeiro ato do Deus Criador foi dar forma ao Céu e, assim, manter as metades separadas. Na seqüência, criou os seres humanos, os animais, os vegetais e tudo mais que há no Universo. Por estes feitos, BRAHMA ganhou destaque no panteão hindu e ao lado de SHIVA* e de VISHNU* passou a integrar a TRIMURTI*. BRAHMA, além de Criador, é o principio de harmonia e equilíbrio entre VISHNU (Deus da Preservação) e SHIVA (associado à destruição). Cada um representando um aspecto do Universo. Em relação ao nascimento de BRAHMA, deve-se registrar que a história do “Ovo Cósmico” é apenas uma dentre várias outras que narram a origem e o papel desse deus. Noutra versão, ele teria nascido de uma flor de lótus que brotou do umbigo de VISHNU, para só então dar inicio ao seu trabalho de criação, o que implica em certa subordinação de BRAHMA em relação a VISHNU. Também se diz que BRAHMA criou uma filha do próprio corpo (a Eva judaico/cristã?), por quem se apaixonou e se uniu dando origem ao primeiro homem, chamado de MANU (Adão?). O Deus BRAHMA é descrito como um homem de pele vermelha, dotado de quatro braços e de quatro cabeças, as quais ficam voltadas para os quatro pontos (cardeais) do Universo. Com seus oito olhos, mantém-se atento à sua Criação e montado num “Ganso Sagrado” percorre o Céu para observar o Mundo.

Nas mãos carrega vários objetos:
1°) um rosário que serve para manter a ordem no Universo;
2°) um pote de água que utiliza para criar vidas;
3°) uma flor de lótus e os VEDAS (aliás, geralmente, seu trono é representado por esta flor). Sentado nela, BRAHMA irradia a energia da Criação, enquanto cada uma das quatro cabeças recita um dos VEDAS. Esta forma de representação ocorre, porque durante sucessivas gerações os ensinamentos ali contidos foram transmitidos oralmente e, segundo a tradição, esta forma de transmissão teve, no inicio, o auxilio de BRAHMA. Segundo alguns teólogos, os VEDAS originaram-se do sopro de VISHNU e BRAHMA foi o primeiro a recebê-los com a incumbência de transmiti-los para o mundo dos deuses e para o mundo dos homens. Ainda segundo a tradição, os sacerdotes brâmanes* nasceram da boca do deus BRAHMA e foram os únicos a receber (dele) os ensinamentos contidos nos VEDAS. Estes sacerdotes eram considerados os intermediários entre os humanos e os deuses (aproximadamente como padres, pastores e rabinos) e, destarte, cabia-lhes difundir estes ensinamentos ao povo. Esta importância culminou na formação do chamado “HINDUISMO BRAMÂNICO”, onde os BRÂMANES ocupavam a CASTA mais elevada e BRAHMA era tido como o deus principal. Apenas no século XIX dC. é que esta crença passou a ser chamada de HINDUISMO e atualmente o deus BRAHMA não é mais objeto de uma adoração tão profunda. Com a ascensão de SHIVA e de VISHNU, ele foi relegado a um segundo plano. Porém, uma lenda protagonizada pelo sábio BRAHMARISHI BHIRGUpropõe outra versão para o fato de não serem comuns as homenagens a BRAHMA: conta-se que, certa vez, os Seres Humanos decidiram organizar um grande ritual que deveria ser presidido pelo mais importante dos deuses e o escolhido foi BRAHMA. Porém, quando o sábio tentou convidá-lo, o deus estava atento à música cantada por sua esposa SARAVASTI* e não ouviu os chamados. Revoltado, BHIRGU amaldiçoou BRAHMA a nunca mais ser venerado. Lendas e maldições à parte, o fato de ser um “deus criador” não lhe garantiu o posto mais alto na hierarquia celeste; porque assim como os outros, ele representa apenas um dos aspectos de BRAHMAN (o Ser Supremo). Neste caso, seria a manifestação masculina e criadora de uma Entidade Abstrata, neutra, sem forma. Quando comparado aos outros deuses da TRIMURTI*, BRAHMA assume uma posição secundária (numa referência à pouca importância da matéria que criou) e a própria grafia de seu título “deus criador” sofre restrições. Na Índia, as palavras “criador” e “deus” são escritas em letras minúsculas o que significa que aquele que “cria” não é uma divindade que detenha o poder total. Ele “cria” apenas pela graça de VISHNU ou de SHIVA. É, portanto, um mero cumpridor de ordens superiores. BRAHMA também não é um deus eterno. Os hindus calculam que ele existirá durante “cem anos celestiais” (aproximadamente quatro milhões de anos da Terra) e quando ele findar, o Universo que criou acabará. Então, outro Universo nascerá e outro deus demiurgo ocupará o posto de Criador. Outrossim, um aspecto que deve ser mencionado relaciona-se com o fato de BRAHMA sempre ser representado com as “Quatro Cabeças”: Uma história de amor e de incesto “explica” a origem destas “Quatro Cabeças”. Sentindo-se sozinho, criou de seu próprio corpo uma deusa chamada de SARAVASTI(Deusa da sabedoria)*. Ao perceber os olhares maliciosos de BRAHMA, ela se moveu para a direita e com isso fez nascer uma cabeça no mesmo lado do corpo do deus. Depois, correu para a esquerda e para trás e mais duas cabeças emergiram em BRAHMA; quando SARAVASTI fugiu para o céu uma quinta cabeça brotou, mas esta última foi queimada por INDRA* como castigo pelo desejo incestuoso (Sodoma?). Por fim, SARAVASTI aceitou casar-se com BRAHMA e dessa união é que se originaram as criaturas vivas.

(Fonte :Deusas e Deuses do Hinduísmo - versão condensada -Fabio Renato Villela)

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