A origem do Bode, símbolo muito usado pelos pagãos, mas também no judaísmo, perde-se na noite dos tempos. Seu primeiro registro histórico é a chamada Cabra de Mendés. O nome Mendés vem do grego Bendes, posteriormente Mendes e depois Mendés e Mendesios, nome grego do chamado Baixo Egito). O bode era usado para representar diversos deuses do panteão egípcio, entre eles Set, Rá e Amón.
Ammón Rá (que significa O Vazio, ou a Total Plenitude), é o equivalente ao deus Vajra da tradição hinduísta. No ocultismo simbolizam a Senda da Autêntica Iniciação. Esotericamente, também simboliza o deus grego Pã.
O santuário de Amón Rá em Mendesios (ou Baixo Egito) era conhecido (nesse idioma) como Pa-bi-neb-nat ou Ba-neb-tettu.
Durante o reinado dos Ptolomeus, o Baixo Egito se fez famoso por seu deus cabrito. Os ritos dos templos simbolizavam esse deus fecundando as mulheres durante os festivais religiosos egípcios, o mesmo sendo feito pelos gregos com relação ao deus Pã.
Seus arquétipos eram o falo sagrado, que desperta o amor espiritual e propicia a fecundação, tanto material quanto espiritual.
Quando o Egito caiu sob o poder romano, e por influências gregas os nomes dos deuses foram “greco-romanizados”, o mito dos irmãos Set e Osíris manteve a vigência com a versão de que Set havia desmembrado Osíris. Para conceber, Ísis buscou as partes de seu esposo, encontrando todas menos justamente o membro reprodutor (de igual modo concebeu Hórus, pelo que Ísis, a Mãe Divina, é considerada uma deusa mãe virgem).
O falo de Osíris teria sido devorado por um peixe, e aqui podemos fazer uma associação com os símbolos gnósticos.
Alguns detalhes importantes podem ser mencionados: existia um mito conhecido como “a grande heresia gnóstica dos Setianos”, onde os gnósticos de cultos do cristianismo primitivo (ou seja, entre os cristãs mais antigos, autenticamente gnósticos) afirmavam que Set era uma encarnação prévia de Jesus Cristo. Segundo esse mito gnóstico, em Mahdiya, hoje Tunísia, ao Norte da África, conseguiram matar o peixe que havia devorado o membro viril de Osíris e, assim, pôde-se recuperar esse falo, que foi plantado na terra. Desse falo nasceu o Bode de Mendés.
Essa alegoria sagrada dos Setianos indica uma clara alusão aos processos alquímicos, que mostram que para conseguirmos a total integração de Osíris (ou seja, devolver ao Deus Supremo a parte que falta, que é seu falo, para que Ele ressuscite), é necessário compreender os Mistérios do Bode de Mendés.
Os Templários e Bafometo, o Bode Sagrado
Uma das alegações usadas pela Igreja Católica e pelo rei francês Felipe o Belo para destruir a Ordem dos Templários foi que estes adoravam o demônio. Mas o que era realmente esse ser fantástico, pintado na Idade Média como uma figura com uma ou às vezes com três rostos, barbuda e com cornos?
A primeira alusão ao termo Baphomet (ou Bafometo) encontra-se em um interrogatório católico a um cavaleiro templário chamado Gaucerant, o qual fez referência à cabeça barbuda como in figuram baffometi, ou seja, figura bafomética, e estranhamente com tanta naturalidade como se fosse muito comum na época.
E talvez o era, devido a que se especula segundo certas correntes gnósticas que o Bafometo tenha sido muito estudado desde os inícios da humanidade, mais particularmente entre os egípcios e persas.
Não se sabe até que ponto o Bafometo era “adorado” entre os templários, o que já se conhece é que esta “entidade” fantástica era muito reverenciada nos altos graus templários. Já as ordens básicas (dos Escudeiros, dos Cavaleiros, dos Maestres e dos Grand Maestres) pouco conheciam acerca dos profundos significados alquímicos de tal ser. Para se ter acesso pleno aos Mistérios Alquímicos do Bafometo, era necessário passar por certas cerimônias secretas e alcançar os altíssimos graus templários e ser casado.
A caracterização do Bafometo é um tanto distinta do Bafometo de Eliphas Levi. Sabe-se disso, pois uma estátua desse ser permaneceu por décadas no centro do labirinto da Catedral de Notre Dame de Paris, até ser destruída pelos católicos em sua fúria contra os templários.
Etimologia da Palavra Bafometo
Há diversas versões sobre as origens do termo Bafometo. Eis algumas:
- Maomé (Mahomet): Pois o Bafometo teria ligações com certas ordens islâmicas sufis, consideradas coirmãs dos templários.
- Baphe y Meteos: “Batismo e Adoração”, o que supomos que se utilizariam nas cerimônias iniciáticas avançadas dos templários.
- Bap e Homet: As quais são a primeira sílaba do nome de João Batista, e Homet, as duas últimas de Maomé (Mahomet).
- Tem Oph Ab: Anagrama de Templi Omnum Hominyn Pacis Abbas, ou seja: O Pai do Templo, Paz Universal aos Homens, frase cabalística de passe na Idade Média.
- Baph Metis: Termos gregos que querem dizer Batismo de Luz.
- Baphe e Metheos: Tintura, imersão, batismo, a primeira palavra e purificação espiritual pelo Fogo; a segunda palavra significa Iniciação. Baphe Methys pode ser traduzido como Batismo pelo Fogo (ou seja, Iniciação pela Alquimia Sexual).
- Bf Maat: O Abridor da Porta, segundo a ocultista Madeleine Montalbán.
Eliphas Levi e o Bode de Mendés
Mas como seria a figura original, de onde o Mestre Eliphas Levi, o grande gnóstico do século 19, teria tirado o seu Bafometo, tão popularizado nos dias de hoje? O próprio mestre explica:
“Na capa de uma tradução francesa de um livro do senhor De Nuisement, acerca do Sal Filosófico, vê-se o Espírito da Terra de pé sobre um cubo, de onde percorrem línguas de fogo. Tem por pênis um caduceu, e o sol e a lua sobre o peito, à direita e à esquerda. É barbudo, está coroado e tem um cetro na mão. É o Azoe dos sábios sobre um pedestal de sal e de enxofre.
Insere-se às vezes a esta imagem a cabeça simbólica do Bode de Mendés, que é o Bafometo dos templários, o bode do Sabat e o Verbo Criado dos gnósticos. Imagens estranhas que serviram de espantalho para o vulgo, depois de ter servido de meditação para os sábios. Hieróglifos inocentes do pensamento e da fé, que também serviram de pretexto aos furores das perseguições”.
O que Samael Aun Weor Ensina Sobre o Bode de Mendés/Bafometo
No livro Apontamentos Secretos de Um Guru, o VM Samael rasga o Véu de Ísis sobre esse fantástico ser:
“Assim, pois, o Mistério do Bafometo é um mistério de Alquimia. Entre os cornos do Diabo brilha a tocha do Verbo. Deve-se roubar do Diabo o fogo do céu, porque o Diabo é Deus à inversa.
O mistério do Bafometo está representado pelo Bode de Mendés. A tocha colocada entre os dois cornos do Bafometo é o verbo da vida, é o fogo sagrado que temos de roubar do Diabo, aprendendo a nos deleitar com a mulher sem derramar o sêmen.
É o Fogo da Kundalini, cujos “graus” temos de roubar dos magos negros, ainda que nos qualifiquem de ladrões. Este é o Mistério do Bafometo. Das trevas sai a luz e o Cosmo sai do Caos.
O Bafometo é um diabo com uma estrela de cinco pontas em sua fronte, tem seios de mulher, um braço é de varão e outro de fêmea. Com uma mão assinala a lua branca e com a outra a lua negra. O baixo ventre está velado, e os órgãos sexuais estão expressados pelo Caduceu de Mercúrio.
A cara do Bafometo é a de um bode. O quadro do Bafometo encerra o segredo da magia sexual.
A estrela de cinco pontas sobre o entrecenho do Bafometo é o olho de Brahma, é a clarividência dos clarividentes, que é o Íntimo.
Quando a alma se funde com o Íntimo, brilha a estrela de cinco pontas sobre sua fronte; e a união com o Íntimo só se consegue aprendendo a deleitar-se com a mulher sem derramar o sêmen. Assim se rouba a tocha de fogo do Bafometo.
Assim se rouba o fogo do Diabo, porque ao nos conectarmos sexualmente com a mulher nos enchemos do fogo terrível da paixão carnal, e então, retendo o sêmen e dominando a paixão, roubamos o fogo do Diabo e nos convertemos em anjos.
Este é o Mistério do Bafometo. Este é o oculto significado do Bode de Mendés.
O fogo deve-se roubá-lo do Diabo, e é por isso que o Diabo vive no fogo.”
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