"QUAL O SIGNIFICADO DAS QUARTINHAS PARA O ORIXÁ?
Há uma frase antiga que descreve bem como se tem que ter cuidado com as quartinhas: "O bom filho-de-santo, não deixa a água de sua quartinha secar."
Quartinha é um pequeno pote, geralmente de barro, no qual se deposita Água Sagrada, água purificada ao Orixá e fica ao lado do assentamento do Orixá. O barro da Quartinha, assim como nosso corpo, "transpira" e por isso, que as quartinhas devem ser sempre de barro, pois elas permitem que a água do seu interior evapore, mas se deve ter um cuidado constante para que a Quartinha
não seque por completo, pois ela representa um ser vivo e o cuidado que temos
com o Orixá.
Na África, todas eram confeccionadas em barro e as escravas (de dentro),
quando chegaram ao Brasil, se encantaram com as porcelanas das sinhazinhas.
Começaram a utilizar o material nos assentamentos dos Orixás femininos, mas
as Quartinhas de porcelana, louça, latão, metal, fazem com que a água fique estagnada o tempo todo e não evapore....
Com o passar dos séculos, tradicionalmente ficou estipulado que os Orixás masculinos possuiriam Quartinhas de barro e os Orixás femininos (assim como Oxalás Guiã e Lufã) poderiam usarem Quartinhas de porcelana.
A Quartinha representa a respiração da divindade. Então quando a divindade necessita dessa respiração, há o ciclo de evaporação da água através dos poros
do barro. Aos Orixás masculinos são oferecidos Quartinhas de barro sem alça e
aos Orixás femininos, são oferecidas Quartinhas normalmente de louça, ou
mesmo de barro com alça.
As Quartinhas também são chamadas de Busanguê, Eni, Amoré e outros, dependendo da Nação. Colocar Quartinha de louça aos pés da divindade, não é uma prática do Candomblé antigo, porque na África não se produz louça. Todos os utensílios ligados ao Culto das divindades, são feitos na sua maioria de barro e quando não são feitos de barro, usa-se terracota ou argila.
Mas devido ao Candomblé ter tido em sua origem com a participação dos escravos aqui no Brasil, foi introduzida a louça ao Culto e mantem-se a tradição para algumas Yagbás e os Oxalás em geral.
CLAUDIA KLINDGES
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