Eu sou a flor de Sevilha,
Rachel da terra do Sol!
no ouro da minha mantilha,
rubeja o fogo espanhol!
Quando as salas estão cheias,
nas verbenas do Alcazar,
concentro azougue nas veias
e vitríolo no olhar!
Danço a zambra, entre sorrisos,
quebrando os braços e os rins,
ao retintinir dos guizos,
tricolejar dos cequins!
A gambiarra ensandalada,
infanta e odalisca, eu sou
uma pantera assanhada,
que freima enfervorizou!
Goya, encarnando a luxúria,
fez a “Maja” granadi!
Só ele exprimiu a fúria,
que ardeja em meu frenesi!
Simulo uma labareda,
columbreando no salão,
longa víbora de seda,
a roxo-rei e zarcão!
E, esfuzilando, felina,
a rir e a gritar: — olé!
Minha peçonha assassina
enfeitiçou dom José!
Temperamento boêmio,
sendo agarena, talvez,
meu coração é irmão gêmeo
das gitanas do Xerez!
Há um nufar, que, um dia, no ano.
Um dia, apenas, reluz:
É assim o amor sevilhano,
é assim o beijo andaluz!
Repicando a castanhola,
minha estridência contém
arrogância de espanhola,
furor, de fera no harém!
São negros os meus cabelos,
como os meus olhos tafuis,
porém tão negros que, ao vê-los,
até parecem azuis!
Os cascavéis do pandeiro
estridulam, em destom,
num trastralastrás brejeiro,
ou surdo dongolodrom!
E, espaventando o exagero,
bela, bárbara, brutal,
fulveja meu desespero
na sarabanda infernal!
— Bravo! Que guapa y reguapa!
e, em delírio, um toureador
aos meus pés estende a capa,
embebedado de amor!
E, para que ele se zangue,
meu desprezo respondeu:
— Que culpa tem o meu sangue
de ser mais rubro que o teu?!
É volúvel, mas sincero,
meu coração de mulher:
A quem me quer, eu não quero.
Só quero a quem não me quer.
no ouro da minha mantilha,
rubeja o fogo espanhol!
Quando as salas estão cheias,
nas verbenas do Alcazar,
concentro azougue nas veias
e vitríolo no olhar!
Danço a zambra, entre sorrisos,
quebrando os braços e os rins,
ao retintinir dos guizos,
tricolejar dos cequins!
A gambiarra ensandalada,
infanta e odalisca, eu sou
uma pantera assanhada,
que freima enfervorizou!
Goya, encarnando a luxúria,
fez a “Maja” granadi!
Só ele exprimiu a fúria,
que ardeja em meu frenesi!
Simulo uma labareda,
columbreando no salão,
longa víbora de seda,
a roxo-rei e zarcão!
E, esfuzilando, felina,
a rir e a gritar: — olé!
Minha peçonha assassina
enfeitiçou dom José!
Temperamento boêmio,
sendo agarena, talvez,
meu coração é irmão gêmeo
das gitanas do Xerez!
Há um nufar, que, um dia, no ano.
Um dia, apenas, reluz:
É assim o amor sevilhano,
é assim o beijo andaluz!
Repicando a castanhola,
minha estridência contém
arrogância de espanhola,
furor, de fera no harém!
São negros os meus cabelos,
como os meus olhos tafuis,
porém tão negros que, ao vê-los,
até parecem azuis!
Os cascavéis do pandeiro
estridulam, em destom,
num trastralastrás brejeiro,
ou surdo dongolodrom!
E, espaventando o exagero,
bela, bárbara, brutal,
fulveja meu desespero
na sarabanda infernal!
— Bravo! Que guapa y reguapa!
e, em delírio, um toureador
aos meus pés estende a capa,
embebedado de amor!
E, para que ele se zangue,
meu desprezo respondeu:
— Que culpa tem o meu sangue
de ser mais rubro que o teu?!
É volúvel, mas sincero,
meu coração de mulher:
A quem me quer, eu não quero.
Só quero a quem não me quer.
(ANJO DE OGUM)
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