A Natureza Trina da Mulher_parte II
A MULHER LUA CRESCENTE
A primeira face da Deusa é a Donzela, ou Virgem e que corresponde a Lua Crescente. Representa a juventude, a vitalidade, a antecipação da vida, o início da criação, o potencial de crescimento e a semente do "vir a ser".
A Lua Crescente, portanto, liga-se a "virgem", a mulher solteira e sugere inúmeras promessas ocultas de crescimento, de riqueza, de criatividade e de prazer.
Esta Lua nos faz voar à um mundo de sonhos e devaneios.
Nos tornamos seres alados que levitam num céu estrelado de possibilidades, onde o impossível torna-se realidade.
É o verdadeiro despertar de Eros, do amor, da vida que não nos impõe nenhum obstáculo.
Neste mundo onde tudo é possível a mulher personifica-se como a eterna amante, a musa inspiradora que concretiza a eterna felicidade.
A mulher na Lua Crescente consegue expor sua feminilidade com muita espontaneidade.
Ela é a personificação da deusa em sua manifestação instintiva e natural, buscando sua essência. Ela é rica em fertilidade e possibilidades, sem limites.
Precisa de todo o espaço para expandir-se e manifestar-se.
É erva que se alastra e cobre tudo, pois ela é livre, animal sem dono, que não admite ficar presa à ninguém.
Dona de si mesma, ela se rege, se governa por seus princípios internos, muitas vezes à custa de muito sofrimento, pois toda liberdade tem seu preço.
Este princípio feminino é representado por várias deusas e uma delas é Àrtemis, a arqueira-virgem e amazona infalível, que corria livre pelos campos e de coração solitário.
Ela é arquétipo da feminilidade mais pura e primitiva.
Ela santifica a solidão e a vida natural.E, é ela que garante a nossa resistência a domesticação.
Outra deusa da Lua Crescente é Inana, uma antiga entidade suméria que é portadora de qualidades lunares femininas.
Em época de mudanças, esta deusa sempre está presente e pode ser invocada.
As mulheres que incorporam os atributos da Lua Crescente, são muito sensuais, verdadeiras Afrodites contemporâneas e conhecedoras da influência de seus poderes.
Sentem orgulho de seu sexo e possuem uma vitalidade rara, somada a uma ansiedade de ampliar os horizontes de seu psiquismo.
Jamais se adaptam à limites sociais e culturais, pois seu desejo de expansão é incontrolável. Estão sempre mudando, são mulheres inquietas e instáveis.
Como a Lua Crescente, revolucionam, criam e transformam constantemente.
São difíceis de serem civilizadas, pois como Ártemis, possuem um amor intenso pela liberdade, pela independência e autonomia.
Possuem temperamento estouvado e aprendem muito cedo a engolir suas lágrimas e planejar vinganças pelas humilhações que sofrem, devolvendo na medida certa o que receberam.
Para um homem relacionar-se com uma mulher-lua-crescente, pode ser um desafio e tanto. Igualmente, a mulher que penetrar fundo nesse lado de sua natureza artemisia, precisará reconhecer o poder primitivo de sua sanguinolência e o efeito que pode ter sobre o homem.
A Lua Crescente nos põe em contato com todos esses aspectos da natureza feminina.
A MULHER LUA CHEIA
O aspecto de Mãe da Deusa sempre foi o mais acessível para que a humanidade o reconhecesse, invocasse e o identificasse.
A Lua Cheia está associada à imagem maternal da Deusa, à mulher em toda a sua plenitude, ao potencial pleno da força vital.
Ela corresponde ao crescimento e amadurecimento de todas as coisas, ao ponto culminante de todos os ciclos, à semente germinada e à plenitude do caldeirão.
Na Lua Cheia entramos em outra dimensão do feminino, aqui o instinto se coloca a serviço da criação e da humanização.
Esta é a fase lunar que é iluminada pelo Sol em sua totalidade, indicando mais clareza de consciência e um melhor relacionamento entre masculino e feminino, o que propicia a criação.
A Lua Cheia é a Lua Grávida de criatividade, de riqueza e da realização do próprio crescimento. É a imagem da Mãe, com o poder divino de carregar uma nova vida em seu ventre.
É ela que gera, promove o crescimento e dá o nascimento.
Ela é a deusa da maternidade, que traz consigo a fertilidade para a terra e para os homens.
A Lua Cheia nos conecta com a terra, nos coloca em contato com os valores terrenos, é o próprio amor realizado.
Esta Lua-Mãe, foi expressa mitológicamente pelos gregos como Deméter com sua prodigiosa energia para nutrir e acalentar e sua dedicação desinteressada para com os filhos e a família. Esta deusa-mãe também é visualizada em Cibele, Ísis, em Astarte e na Virgem Maria. Todas aparecem sempre com o filho, o que pressupõe uma capacidade de relacionamento e reprodução realizada.
O filho representa o nascimento, o Logos no feminino.
A Lua, deste modo, relaciona-se com o mundo de maneira mais humana, através de seu filho. Estabelece-se assim, um contato mais íntimo entre o mundo interno e o externo, do divino com o terreno e do espiritual com o material.
A maternidade em si já é uma doação, mas também associa-se à capacidade de sacrifício.
Todas as deusas citadas, têm em comum o fato de terem um filho que morre e depois ressuscita. O filho seria a semente que morre, se decompõe na terra, para trazer em seguida a renovação da vida.
Mas, enquanto não chega a hora do sacrifício, o filho reina junto com a Mãe-Lua e é controlado por ela.
A mulher regida pela Lua Cheia é mais confiável, pois se assemelha à Mãe.
Ela é acolhedora, mais domesticada e sempre se coloca à disposição e proteção do outro.
Esta mulher tem os pés no chão e seus mistérios não são tão ocultos, pois ela se revela mais claramente.
Ela acolhe a criação, que é a união do masculino com o feminino.Mas esta mulher tem uma preocupação exagerada com a segurança, o que impede o seu aprofundamento em seus relacionamentos, pois o contato mais íntimo, pode constituir-se em uma ameaça.
Desenvolve então, um controle fora do comum e nada pode pegá-la desprevenida.
Aqui desenvolve-se um impedimento a sua criatividade, pois seus passos são calculados, evitando confrontar-se com o desconhecido, que podem lhe proporcionar surpresas desagradáveis.
A mulher-lua-cheia é a esposa e mãe perfeita, desfaz-se em eficiência e cuidados, mas falta-lhe a paixão e a inquietação.
A MULHER LUA MINGUANTE
O terceiro aspecto da Deusa, a Anciã, corresponde à fase da Lua Minguante, sendo o menos compreendido e o mais temido.
A Lua Minguante define-se no acaso e na velhice. É aquela que encerra em si a sabedoria e os segredos nunca revelados. Está associada a velha bruxa, ao deteriorar da força vital, ao envelhecimento, assim como, aos poderes de destruição e da morte, à destruição do impulso de Eros.
A mulher que é arquetípicamente regida pela Lua Minguante é misteriosa e por vezes indefinível.
Parece possuir um potencial para realização de algo que é difícil definir com exatidão. Possui virtualidades pressentidas, mas nem sempre realizadas.Ela mesma não se define de maneira consciente e clara.
Possui também uma certa dificuldade em lidar com os aspectos da vida consciente.
Esta é a mulher que vive no "mundo da lua".
Está sempre descobrindo novas possibilidades, mas tem certa dificuldade em direcioná-las e nunca consegue finalizar o que começou.
Como está mais próxima e mantém constante contato com as fontes inconscientes da fertilidade, aparenta estar realizando algo, mas que pode nunca concretizar.
É sempre suscetível a perder-se em sonhos e devaneios em função da dificuldade que tem em lidar com o concreto e o real.
O seu maior obstáculo é o tempo presente, pois está sempre voltando ao passado, revendo tudo o que foi capaz de realizar, ou lamentando o que deixou de fazer.
Ela está sempre distante do presente e por isso torna-se fria e distante dos outros, devido ao seu excesso de auto-referência.
A sua criatividade, se não submetida ao controle do ego consciente, pode assumir uma forma caótica e desordenada.
A sua maior dificuldade está em mobilizar e dirigir essa energia.
Possui ela, todo o potencial para a criação por seu acesso fácil às fontes criadoras lunares, mas necessita compreender e separar a mistura orobórica criativa, a fazer a ordenação do caos, para que ele se transforme num cosmo criativo
A mulher Lua Minguante possui uma energia muito forte, mas ela pode manifestar-se de maneira tanto construtiva, como destrutiva, dependendo da forma como trabalha o seu consciente.
A necessidade de mudança também está sempre determinando seu comportamento.
O que mais importa para ela é o próprio processo do que o objetivo final, o caminho não tem tanta importância, mas premente é a necessidade de fazer a passagem.
A introspecção ao mundo interior ocorre facilmente para a mulher regida pela lua minguante.
A sua maior dificuldade está no fato de tornar-se produtiva e realizar toda a fertilidade encontrada.
Se não conseguir direcionar essa vitalidade, objetivando-a e encaminhando-a para a realização criativa, toda essa riqueza pode se tornar inútil.
A Lua Minguante sempre serviu como vaso adequado para a projeção de todo o lado sombrio, tanto do homem como da mulher.
Aqui penetra-se no reino de Hécate e Lilith e tantas outras deusas que apresentam aspecto sombrio, mas que pode no final nos trazer a iluminação.
Talvez torne-se necessário para a mulher fazer um acordo com estas deusas, para que elas a presenteiem com a possibilidade de um enriquecimento de personalidade, permitindo a sua expressão de uma forma mais humanizada e não tão instintiva.
Deste modo, as dimensões do instinto poderão ter uma via mais integrada, em que pode haver a participação de novas forças energéticas.
É observando e reconhecendo os movimentos da Lua no céu e integrando as suas três fases, que poderemos nos alinhar e sintonizar com o fluxo do tempo e com os ritmos naturais.
Nos utilizando dos poderes mágicos da Lua e reverenciando as Deusas ligadas a ela, criaremos condições para melhorar e transformar nossa realidade, harmonizando-nos e vivendo de forma mais equilibrada, plena e feliz.
NÃO A GUERRA DOS SEXOS.......SIM AO COMPANHEIRISMO!
Hoje, a maioria das religiões, concebem como única e suprema uma divindade que é masculina, entretanto, ao resgatarmos tradições mais antigas, aprendemos que anteriormente, tanto o homem quanto a mulher, cultuavam uma Grande Mãe.
O resgate destas tradições nos levam a compreender que homens e mulheres nasceram para viver em parceria e que, nós mulheres, podemos honrar o espírito feminino, buscando o equilíbrio e a paz, para ambos os sexos.
As mulheres, nos últimos anos, desbancaram a bandeira de sexo frágil.
Elas batalharam e conseguiram a independência, poder e reconhecimento.
Em pé de igualdade com o homem, hoje tem como meta principal conciliar carreira, maternidade e encontrar um homem ideal.
Os homens em contrapartida, não mudaram tanto assim, não acompanhando o ritmo veloz feminino.
Em conseqüência disto, criou-se um abismo entre os dois sexos.
Mas, felizmente, as mulheres jamais abandonaram o seu ideal romântico de encontrar um companheiro para caminhar lado a lado.
Todas anseiam apaixonar-se e casar, mas não abrem mão da busca do sucesso profissional. Assim, alegam a maioria delas, se fracassarem na vida sentimental, terão o trabalho para satisfazê-las e ocupá-las.
Devem então, ter muito cuidado para não investir tempo integral às suas carreiras, pois fatalmente, por total falta de tempo matarão sua vida afetiva.
O amor e a maternidade para a mulher é um fator mais do que biológico.
Ir contra à sua natureza, fará com que a mulher deixe de usufruir de uma realização pessoal.O homem também obteve alguns avanços e hoje, ele parece estar mais disponível e sensível.
A cada dia vislumbra-se pais mais participantes, amantes mais amorosos e companheiros que dividem com a mulher as tarefas rotineiras da casa.
Estamos entretanto ainda, em um momento de transição, onde os papéis masculinos e femininos não estão bem delineados.
O homem, continua a não saber direito lidar com suas emoções em função de sua postura cultural e a mulher buscou e conquistou a independência, o reconhecimento e a igualdade.
Mas bem no íntimo, ela continua romântica e deseja ser conquistada.
No fundo, talvez não imaginasse que pudesse ir tão longe para depois sentir-se perdida.
Com tantas conquistas, vieram também as armadilhas e ela acabou sobrecarregada, pendendo de um lado para o outro com a expansão das possibilidades.
Talvez, seja este o momento da mulher parar de provar que pode tudo e unir-se em companheirismo com o homem.
Se realmente buscamos construir uma sociedade equilibrada e serena, todas as idéias egocêntricas de superioridade e culto à guerra sexista deve desaparecer entre os homens e mulheres, dando lugar a uma visão cósmica de complementariedade entre os sexos.
NA GUERRA DOS SEXOS QUE VENÇA O AMOR!
Rosane Volpatto
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