Salve Allan Kardec !!!!
No
dia 3 de outubro de 1804, às dezenove horas, na casa do magistrado
Jean-Baptiste-Antoine Rivail localizada na cidade de Lyon à Rua Sala,
76, na França, sua esposa Jeanne Louise Duhamel dava à luz uma criança
do sexo masculino. Era Denizard-Hippolyte-Léon Rivail.
O NOME CIVIL
De
pais católicos, o menino foi batizado na igreja de Saint Denis De La
Croix Rousse, aos 15 de junho de 1805. Devemos fazer uma observação
quanto ao seu nome: encontramos seu nome civil, segundo alguns autores
categorizados, assim:
Revista Espírita, maio de 1869, Biografia do Sr. Allan Kardec, Léon - Hippolithe - Denizart Rivail.
Camille Flammarion no seu "Discours prononcé sur la tombe d'Allan Kardec", Léon - Hippolyte - Denizart Rivail.
Léon Denis no "Prefácio" da 4a edição da obra de Henri Sausse, "Remarquons que mon nom est enchâssé dans celui d'Allan Kardec qui s'appelait en réalité", Hippolyte, Léon, Denizard Rivail.
J. - M. Quérard, "La France Littéraire ou Dictionnaire Bibliographique", pág. 58, Rivail (H. L. D.), pág. 456, Rivail Hippolyte - Léon Denizart.
G. Vaperreau, "Dictionnaire Universal des Contemporains", Hippolyte - Léon - Denizard Rivail.
André Moreil no livro "Vida e Obra de Allan Kardec", Denizard Hippolyte Léon Rivail ou abreviado D. H. L. Rivail.
E, ainda, outros autores escreveram o nome Rivail segundo entendimento próprio de cada um.
Muitos se perguntarão, qual é o correto?
Evidentemente, o que consta na certidão de nascimento, ou seja, Denizard Hippolyte León Rivail, embora Hippolyte Léon Denizard Rivail, possa também ser usado, já que era assim que ele assinava suas obras literárias.
Camille Flammarion no seu "Discours prononcé sur la tombe d'Allan Kardec", Léon - Hippolyte - Denizart Rivail.
Léon Denis no "Prefácio" da 4a edição da obra de Henri Sausse, "Remarquons que mon nom est enchâssé dans celui d'Allan Kardec qui s'appelait en réalité", Hippolyte, Léon, Denizard Rivail.
J. - M. Quérard, "La France Littéraire ou Dictionnaire Bibliographique", pág. 58, Rivail (H. L. D.), pág. 456, Rivail Hippolyte - Léon Denizart.
G. Vaperreau, "Dictionnaire Universal des Contemporains", Hippolyte - Léon - Denizard Rivail.
André Moreil no livro "Vida e Obra de Allan Kardec", Denizard Hippolyte Léon Rivail ou abreviado D. H. L. Rivail.
E, ainda, outros autores escreveram o nome Rivail segundo entendimento próprio de cada um.
Muitos se perguntarão, qual é o correto?
Evidentemente, o que consta na certidão de nascimento, ou seja, Denizard Hippolyte León Rivail, embora Hippolyte Léon Denizard Rivail, possa também ser usado, já que era assim que ele assinava suas obras literárias.
Desde
pequeno o menino Rivail revelou-se bastante inteligente e sagaz
observador, sempre compenetrado de seus deveres e responsabilidades,
denotando franca inclinação para as ciências e para os assuntos
filosóficos. Seus primeiros estudos foram realizados em Lyon, sua
cidade natal. Mais tarde, com a idade de 10 para 11 anos, Rivail foi
enviado para Yverdun, na Suíça, para completar e enriquecer sua bagagem
escolar.
O
Instituto de Yverdun, que funcionava no castelo construído em 1135
pelo duque de Zähringen, era freqüentado todos os anos por grande
números de estrangeiros, pois era tido como a escola modelo da Europa;
era dirigido pelo professor-filantropo de nacionalidade suíça Johann
Heinrich Pestalozzi, cujo apostolado pedagógico era bastante conhecido,
o que lhe conferiu o cognome de “O Educador da Humanidade”.
Línguas, raças, crenças, culturas e hábitos diferentes ali se misturavam, aprendendo as crianças e os jovens, na vivência escolar, a lição da fraternidade, da igualdade e da liberdade.
Línguas, raças, crenças, culturas e hábitos diferentes ali se misturavam, aprendendo as crianças e os jovens, na vivência escolar, a lição da fraternidade, da igualdade e da liberdade.
Pestalozzi
pregava que o amor é o eterno fundamento da educação. Em seu Instituto
não havia castigos ou recompensas. O ensino era heurístico: aquele em
que o aluno é conduzido a descobrir por si mesmo, tanto quanto possível
por seu esforço pessoal, as coisas que estão ao alcance de sua
inteligência.
A história, a literatura, todos os ramos dos conhecimentos humanos eram ensinados em Yverdun, dentre os quais descrevemos alguns: NOÇÕES GERAIS, PORÉM EXATAS, DE MINERALOGIA, BOTÂNICA, ZOOLOGIA E ANATOMIA COMPARADA; UM CURSO ABREVIADO DE HISTÓRIA NATURAL; ELEMENTOS DE FISIOLOGIA E PSICOLOGIA; LIÇÕES DE FÍSICA EXPERIMENTAL E DE QUÍMICA; ESTUDO DE LINGUAS MORTAS OU ANTIGAS (principalmente o grego e o latim); LÍNGUAS ATUAIS DA ÉPOCA (italiana, inglesa, francesa, alemã e outras); ESTUDO GERAL DE MATEMÁTICA (dividido em quatro seções: CÁLCULO TEÓRICO E PRÁTICO, e ARITIMÉTICA SUPERIOR; ÁLGEBRA, OU ARITIMÉTICA LITERAL E UNIVERSAL; GEOMETRIA; MECÂNICA, COM NOÇÕES DE ASTRONOMIA E GEOGRAFIA MATEMÁTICA.
Vale a pena saber que o Instituto de Yverdun possuía em média 150 alunos que se obrigavam a uma carga horária diária de 10 horas. Aos domingos, numa assembléia geral, passava-se em revista o trabalho da semana. Pestalozzi dava também bastante importância ao canto: cantava-se nos intervalos das lições, nos recreios e nos passeios. A música e o canto adquiriram ali grande impulso entre 1816 e 1817 com o notável compositor suíço Xaver Schnyder von Wartensee.
Pestalozzi foi um tipo de cristão sempre zeloso, mas eqüidistante do misticismo, dos preconceitos e das paixões religiosas, apesar de pertencer à Igreja reformada.
Acredita-se que Pestalozzi tivesse alguma noção da vida após a morte, pois numa carta que escreveu à sua amiga condessa Franziska Romana von Hallwyl, que procurara consolá-lo da dolorosa perda de um professor, o pedagogo lhe disse, confiante: "Vossa fidelidade e vossa amizade a seguirão no outro mundo, nós a reencontraremos e juntos nos rejubilaremos com alegria."
A história, a literatura, todos os ramos dos conhecimentos humanos eram ensinados em Yverdun, dentre os quais descrevemos alguns: NOÇÕES GERAIS, PORÉM EXATAS, DE MINERALOGIA, BOTÂNICA, ZOOLOGIA E ANATOMIA COMPARADA; UM CURSO ABREVIADO DE HISTÓRIA NATURAL; ELEMENTOS DE FISIOLOGIA E PSICOLOGIA; LIÇÕES DE FÍSICA EXPERIMENTAL E DE QUÍMICA; ESTUDO DE LINGUAS MORTAS OU ANTIGAS (principalmente o grego e o latim); LÍNGUAS ATUAIS DA ÉPOCA (italiana, inglesa, francesa, alemã e outras); ESTUDO GERAL DE MATEMÁTICA (dividido em quatro seções: CÁLCULO TEÓRICO E PRÁTICO, e ARITIMÉTICA SUPERIOR; ÁLGEBRA, OU ARITIMÉTICA LITERAL E UNIVERSAL; GEOMETRIA; MECÂNICA, COM NOÇÕES DE ASTRONOMIA E GEOGRAFIA MATEMÁTICA.
Vale a pena saber que o Instituto de Yverdun possuía em média 150 alunos que se obrigavam a uma carga horária diária de 10 horas. Aos domingos, numa assembléia geral, passava-se em revista o trabalho da semana. Pestalozzi dava também bastante importância ao canto: cantava-se nos intervalos das lições, nos recreios e nos passeios. A música e o canto adquiriram ali grande impulso entre 1816 e 1817 com o notável compositor suíço Xaver Schnyder von Wartensee.
Pestalozzi foi um tipo de cristão sempre zeloso, mas eqüidistante do misticismo, dos preconceitos e das paixões religiosas, apesar de pertencer à Igreja reformada.
Acredita-se que Pestalozzi tivesse alguma noção da vida após a morte, pois numa carta que escreveu à sua amiga condessa Franziska Romana von Hallwyl, que procurara consolá-lo da dolorosa perda de um professor, o pedagogo lhe disse, confiante: "Vossa fidelidade e vossa amizade a seguirão no outro mundo, nós a reencontraremos e juntos nos rejubilaremos com alegria."
Assim,
depois de algumas informações sobre o ambiente em que Rivail estudou e
se educou, voltamos a falar sobre a sua pessoa ainda como jovem
escolar lionês.
Dotado
da avidez de saber e de agudo espírito observador, adquiriu ele desde
cedo o hábito da investigação . Contam alguns biógrafos que, quando
estudava Botânica, Denizard se interessava tanto que passava um dia
inteiro nas montanhas próximas a Yverdun, com sacolas às costas, à
procura de espécimes para o seu herbário.
Aos quinze anos, Rivail já conhecia as divergências religiosas observadas no próprio corpo docente, com alunos católicos romanos e ortodoxos, bem como protestantes de diferentes seitas, a se desentenderem sobre a interpretação dos textos escriturísticos, sobre a validade dos dogmas e de outras questões, embora, no fundo, todos formassem uma família unida pelos laços de amizade que sadio companheirismo gerara. Tudo isso levou Denizard a conceber, já naquela idade, a idéia de uma reforma religiosa, com o propósito de conseguir a unificação das crenças.
Aos quinze anos, Rivail já conhecia as divergências religiosas observadas no próprio corpo docente, com alunos católicos romanos e ortodoxos, bem como protestantes de diferentes seitas, a se desentenderem sobre a interpretação dos textos escriturísticos, sobre a validade dos dogmas e de outras questões, embora, no fundo, todos formassem uma família unida pelos laços de amizade que sadio companheirismo gerara. Tudo isso levou Denizard a conceber, já naquela idade, a idéia de uma reforma religiosa, com o propósito de conseguir a unificação das crenças.
Embora
não se possa afirmar, presume-se que Rivail tenha permanecido no
Instituto de Yverdun até 1822, talvez desempenhando a função de
submestre, senão, mestre, mesmo, seguindo depois para Paris - à Rua
Harpa, 117, um dos principais eixos da vida universitária parisiense,
onde ficava situado o Liceu Saint-Louis (antigo "Collège d'Harcourt"),
estabelecimento escolar respeitado da Universidade. Lá, Denizard
encontraria excelentes oportunidades para continuar suas atividades
educacionais.
Vivendo
em Paris, no mundo das letras e do ensino, Rivail conheceu a Srta.
Amélie Boudet. De estatura baixa, bem proporcionada, de olhos pardos e
serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando
penetração de espírito, Amélie nasceu em Thiais, comuna do departamento
parisiense de Val-de-Marne, a 23 de novembro de 1795. Filha única de
Julien-Louis Boudet, proprietário e tabelião, homem portanto bem
colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu na pia
batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet.
Após
cursar a escola primária, a jovem estabeleceu-se em Paris com a
família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada
professora de 1ª classe. Alguns documentos revelam que a Senhorita
Amélie também fora professora de Letras e Belas-Artes. Culta e
inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: "Contos
Primaveris", 1825; "Noções de Desenho", 1826; "O Essencial em
Belas-Artes", 1828.
Em
6 de fevereiro de 1832, Denizard e Amélie firmam o contrato de
casamento. Agora viveriam juntos sobre o mesmo teto até que a morte os
separasse.
Rivail
possuía uma instrução extensa e variada, conhecia também outros
idiomas: o Alemão - sua língua adotiva; o Inglês, Holandês, como também
eram robustos seus conhecimentos do Latim, do Grego, do Gaulês e de
algumas línguas latinas nas quais se exprimia corretamente.
Apesar
de alguns biógrafos dizerem que Rivail teria sido médico, podemos
dizer que houve um mau entendido; analisemos o que escreveu André
Moreil, biógrafo de Allan Kardec no livro "Vida e Obra de Allan
Kardec", 1977, Editora EDICEL, página 23:
"... fez (Rivail) estudos médicos como os primeiros Pestalozzi originários de Lyon e colheu em seus estudos sobre a eletricidade provas da existência Espírita."
"... fez (Rivail) estudos médicos como os primeiros Pestalozzi originários de Lyon e colheu em seus estudos sobre a eletricidade provas da existência Espírita."
Porém, em outro capítulo Moreil fala de outra maneira. Vejamos o que se lê na página 32:
"Consta que teria estudado medicina e até mesmo sustentado tese, aliás com muito brilho. Para nós subsiste a dúvida. É certo que o jovem Rivail tinha boa cultura humanista, e grande desejo de aprender. Interessava-se pelas "humanidades", como pelas "ciências": entre estas, a Física, a Química e a Geologia; a Biologia também, com certeza. Mas isso não autoriza dizer que estudou Medicina nem defendeu tese. É possível que, de volta de Yverdun, o jovem lionês tivesse freqüentado a Faculdade de Medicina da sua cidade natal ([1]). Parece, todavia, que o estudo dessa disciplina não lhe suscitou entusiasmo, pois nunca se referiu a ela em seus escritos. Apenas uma vez, ao tratar do magnetismo animal, declarou que o estudo da Medicina o interessara, trinta anos antes, o que corresponde ao seu período estudantil."
Assim, faz-se necessário desfazer essa confusão, já que Rivail se referiu ao Magnetismo e não à Medicina convencional. Em artigo da "Revista Espírita" de junho de 1858 intitulado "Os Banquetes Magnéticos" lê-se esta frase escrita por Kardec: "Em nossa opinião a ciência magnética, que professamos há 35 anos...".
Podemos observar com isso que Kardec não escreveu estudo de medicina e, sim, ciência magnética, que professara havia 35 anos (e não 30, como quer Moreil). Poderíamos ainda descrever trechos de outros biógrafos; chegaríamos, porém, à mesma conclusão: que Kardec jamais foi médico.
RIVAIL E A MAÇONARIA
"Consta que teria estudado medicina e até mesmo sustentado tese, aliás com muito brilho. Para nós subsiste a dúvida. É certo que o jovem Rivail tinha boa cultura humanista, e grande desejo de aprender. Interessava-se pelas "humanidades", como pelas "ciências": entre estas, a Física, a Química e a Geologia; a Biologia também, com certeza. Mas isso não autoriza dizer que estudou Medicina nem defendeu tese. É possível que, de volta de Yverdun, o jovem lionês tivesse freqüentado a Faculdade de Medicina da sua cidade natal ([1]). Parece, todavia, que o estudo dessa disciplina não lhe suscitou entusiasmo, pois nunca se referiu a ela em seus escritos. Apenas uma vez, ao tratar do magnetismo animal, declarou que o estudo da Medicina o interessara, trinta anos antes, o que corresponde ao seu período estudantil."
Assim, faz-se necessário desfazer essa confusão, já que Rivail se referiu ao Magnetismo e não à Medicina convencional. Em artigo da "Revista Espírita" de junho de 1858 intitulado "Os Banquetes Magnéticos" lê-se esta frase escrita por Kardec: "Em nossa opinião a ciência magnética, que professamos há 35 anos...".
Podemos observar com isso que Kardec não escreveu estudo de medicina e, sim, ciência magnética, que professara havia 35 anos (e não 30, como quer Moreil). Poderíamos ainda descrever trechos de outros biógrafos; chegaríamos, porém, à mesma conclusão: que Kardec jamais foi médico.
É
necessário, também, desfazer outro equívoco: que Rivail tivesse sido
maçom. Fazendo uma pesquisa na coleção da Revista Espírita, 1858-1869,
conclui-se que apenas existiram, entre Denizard e a Maçonaria,
afinidades de princípios e ideais, sem jamais haver ele ingressado em
loja alguma. Acreditamos que nada modificaria, tanto para mais como
para menos, a pessoa do biografado se tivesse ele abraçado a Maçonaria.
É necessário, porém, eliminar os exageros para que a verdade triunfe.
O PROFESSOR RIVAIL E SUAS OBRAS
Em
Paris Rivail fundou um Instituto Técnico na rua Sevres, 35, nos mesmos
moldes daquele de Pestalozzi. No ano de 1824, Denizard, ou melhor,
Professor Rivail, publica seu primeiro livro que era dividido em
volumes e tinha como título: Curso Prático e Teórico de Aritmética.
Além deste, o Prof. Rivail publicou, até o ano de 1849, os seguintes
livros: Plano para o Melhoramento da Instrução Pública; Gramática
Clássica da Língua Francesa; Qual o Sistema de Estudos mais Adequado à
Época?; Manual dos Exames para Certificado de Capacidade; Soluções
Racionais de Perguntas e Problemas de Aritmética e Geometria; Catecismo
Gramatical da Língua Francesa; Programa dos Cursos Ordinários de
Química, Física, Astronomia e Fisiologia; Pontos para os Exames na
Municipalidade e na Sorbone; Instruções Sobre as Dificuldades
Ortográficas.
DENIZARD E O MAGNETISMO
Rivail
tomou contato com o magnetismo no ano de 1823, ou talvez mesmo um
pouco antes; porém, foi em Paris que sua curiosidade foi despertada
para esta ciência, quando o marquês de Puységur - juntamente com
d'Eslon, professor e regente da Faculdade de Medicina de Paris, mais o
sábio e naturalista Deleuze -, deu novos rumos a esta ciência através
da modificação dos métodos de Mesmer, que culminaram na descoberta do
sonambulismo provocado. Denizard refere-se elogiosamente a esses
magnetistas franceses, ombreando-lhes outros nomes, como o do barão Du
Potet e o do Sr. Millet.
Rivail estudou criteriosamente essa disciplina, tendo devorado grande número de obras favoráveis e contrárias escritas por homens de evidência. Diz Anna Blackwell, no prefácio à sua tradução inglesa de "O Livro dos Espíritos", que Rivail tomou parte ativa nos trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, uma das mais importantes da França. Fez muitos amigos nessa corrente de idéias, dentre eles o magnetizador Sr. Fortier.
Rivail estudou criteriosamente essa disciplina, tendo devorado grande número de obras favoráveis e contrárias escritas por homens de evidência. Diz Anna Blackwell, no prefácio à sua tradução inglesa de "O Livro dos Espíritos", que Rivail tomou parte ativa nos trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, uma das mais importantes da França. Fez muitos amigos nessa corrente de idéias, dentre eles o magnetizador Sr. Fortier.
Contava
Rivail 51 anos de idade em 1854 quando, através do Sr. Fortier, tomou
conhecimento de certos fatos Espíritas. Disse-lhe o interlocutor:
- "Sabe o senhor da singular propriedade que acabam de descobrir no magnetismo? Parece que não são unicamente os indivíduos que se magnetizam, mas também as mesas, que podem girar e andar à vontade.”
- "É extraordinário, não há dúvida" - respondeu Rivail. "Mas em rigor é um fato que não parece radicalmente impossível. O fluido magnético, que é uma espécie de eletricidade, pode muito bem atuar sobre os corpos inertes e fazê-los moverem-se."
Informado, pouco tempo depois, pelo mesmo Sr. Fortier, de que mesas magnetizadas - chamadas na época de "mesas girantes" -, podiam mover-se e que davam respostas quando inquiridas, a atitude de Rivail foi de absoluta descrença:
- "Isto é uma outra questão. Só acreditarei vendo, e quando me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula. Até lá, permita-me que considere isso um conto para fazer-nos dormir em pé."
Rivail aceitava a possibilidade do movimento por uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenômeno, parecia-lhe absurdo atribuir inteligência a uma coisa puramente material. Estava ele na posição dos incrédulos desta nossa época (2004), que negam porque apenas presenciam um fato que não compreendem. Vivia-se numa época em que o fato era ainda inexplicado, aparentemente contrário às leis da Natureza, o que sua razão lhe impedia aceitar. Ainda não havia visto nem observado nada. As experiências feitas na presença de pessoas de caráter e dignas de toda a confiança lhe confirmavam a possibilidade do efeito puramente material, porém, a idéia de uma mesa falante não lhe podia ainda fazer sentido.
- "Sabe o senhor da singular propriedade que acabam de descobrir no magnetismo? Parece que não são unicamente os indivíduos que se magnetizam, mas também as mesas, que podem girar e andar à vontade.”
- "É extraordinário, não há dúvida" - respondeu Rivail. "Mas em rigor é um fato que não parece radicalmente impossível. O fluido magnético, que é uma espécie de eletricidade, pode muito bem atuar sobre os corpos inertes e fazê-los moverem-se."
Informado, pouco tempo depois, pelo mesmo Sr. Fortier, de que mesas magnetizadas - chamadas na época de "mesas girantes" -, podiam mover-se e que davam respostas quando inquiridas, a atitude de Rivail foi de absoluta descrença:
- "Isto é uma outra questão. Só acreditarei vendo, e quando me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula. Até lá, permita-me que considere isso um conto para fazer-nos dormir em pé."
Rivail aceitava a possibilidade do movimento por uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenômeno, parecia-lhe absurdo atribuir inteligência a uma coisa puramente material. Estava ele na posição dos incrédulos desta nossa época (2004), que negam porque apenas presenciam um fato que não compreendem. Vivia-se numa época em que o fato era ainda inexplicado, aparentemente contrário às leis da Natureza, o que sua razão lhe impedia aceitar. Ainda não havia visto nem observado nada. As experiências feitas na presença de pessoas de caráter e dignas de toda a confiança lhe confirmavam a possibilidade do efeito puramente material, porém, a idéia de uma mesa falante não lhe podia ainda fazer sentido.
As
sessões com a "mesa girante" tiveram início nos Estados Unidos da
América, com as célebres irmãs Fox. Segundo Jorge Rizzini, os Fox eram
originários do Canadá, pois os Arquivos Históricos da Cidade de Nova
Iorque (consultados por ele) atestam que a médium Margareth Fox nascera
em Bath, uma vila próxima da cidade de Kingston, na província de
Ontário, no dia 7 de outubro de 1833.
Vale
a pena saber que Margareth, nessa época, tinha a idade de 14 anos;
Katerine, a caçula, 11 anos; e Leah, que já lecionava piano em
Rochester, era 23 anos mais velha que Margareth. Não possuímos
informações dos outros irmãos, apenas sabemos que eram em seis, também
canadenses, e que David era o único do sexo masculino.
John
D. Fox, o pai, era campesino e pastor da Igreja Episcopal Metodista.
Ele e sua família recém chegados do Canadá desembarcaram em Hydesville,
no Condado de Wayne, Estado de Nova Iorque, no dia 11 de dezembro de
1847. John acomodou sua família em uma casa de madeira humilde,
praticamente idêntica a todas as outras da região. A casa em que se
instalaram não era bem vista pela população da cidade. Diziam que era
"mal assombrada". Inquilinos anteriores haviam ouvido ruídos estranhos e
visto móveis se moverem sem nenhum contato humano; além disso, vultos
também eram vistos.
Hannah Weeckman, ex-inquilina da casa, citada no livro "História do Espiritismo" de Arthur Conan Doyle, deu o seguinte testemunho: "Meu marido, eu e a empregada nos levantamos imediatamente para ver o que se passava. Ela sentou-se na cama em prantos e nós custamos a verificar o que se passava. Disse ela que algo se movimentava acima de sua cabeça e que sentia um frio sem saber o que era. Disse havê-lo sentido sobre ela toda, mas que ficara mais alarmada ao senti-lo sobre o rosto."
Lucretia Pulver, empregada do casal Bell que, em 1844, habitara a casa, deu também seu testemunho: "A Srta. Aurélia Losey ficou comigo naquela noite; ela também ouviu o barulho e ambas ficamos muito assustadas; levantamo-nos, fechamos as janelas e trancamos a porta. Parece que alguém andava pela despensa, na adega, e até no porão, onde o barulho cessava." Era esta a situação da casa, quando o pastor John D. Fox nela se instalou com sua família.
John atribuía os ruídos à madeira com a qual a casa fora construída e aos ratos existentes na adega. Porém, na noite do dia 31 de março, foram ouvidos ruídos com maior intensidade por todos os lados da casa e, segundo a Sra. Fox, "produziam um certo movimento nas camas e cadeiras, a ponto de notarmos quando deitadas". O pastor John Fox, acreditando que alguém estivesse brincando consigo, saiu pé ante pé e examinou a casa pelo lado de fora e, depois, intrigado, todos os compartimentos da casa. Nada encontrou; estava tudo normal, porém, os ruídos, inclusive de passos, prosseguiam, e todos puderam ouvir.
Naquela noite, Katerine, a filha mais nova, desafiou a força invisível. Bateu um certo número de palmas. E soou na parede de madeira, imitando-a, o mesmo número de pancadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse brincando: "Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro". E bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Margareth teve medo de repetir o ensaio. Então Katerine, ou Kate, como seus familiares a chamavam, disse, na sua simplicidade infantil: "Oh! Mamãe! Eu já sei o que é. Amanhã é o dia 1º de abril e alguém quer nos pregar uma peça!” Estava, assim, estabelecida a telegrafia espiritual. A Sra. Fox, ao lado do marido, pediu ao "espírito batedor" que dissesse a idade de cada um de seus filhos. O resultado do teste espantou a todos. Batidas se fizeram ouvir de forma que, a cada seqüência de batidas que correspondia a idade de cada um, era feita uma pausa. Insistiu a Sra. Fox, perguntando se era um ser humano que conversava com ela. O silêncio se fez angustiante. Perguntou se era um Espírito, e fortes batidas se fizeram ouvir por toda a casa.
A Sra. Fox, continuou a perguntar: "Se for o Espírito de um assassinado dê duas pancadas." Duas pancadas foram ouvidas. John Fox foi rápido chamar a Sra. Redfield, sua vizinha, que fez um novo teste; perguntou que idade tinha ela, e obteve do Espírito a resposta correta. Entrou na casa o casal Duesler, e estabeleceu-se uma linguagem através de código, onde a letra A correspondia a uma pancada, B a duas, e assim por diante.
O Espírito chamava-se Charles B. Rosma; fora mascate; seu assassino chamava-se Bell, antigo morador daquela casa; assassinara-o para lhe roubar quinhentos dólares com uma faca de açougueiro, dando-lhe um golpe na garganta; o corpo fora levado à adega e, na noite seguinte, enterrado ali mesmo.
Foi se formando à porta da casa dos Fox uma fila de aproximadamente trezentas pessoas e o Espírito Charles Rosma deu prova de sua presença. No dia seguinte, David Fox, acompanhado de outras pessoas, fez as primeiras escavações, descobrindo ossos e cabelos. Exatamente em 1904, portanto 56 anos depois, encontrou-se um esqueleto humano ao lado de uma lata que pertencera ao mascate. Os fatos vieram confirmar a estranha denúncia de um morto que, do outro lado da vida, se utilizava de uma lei natural, desconhecida pelo homem, para relatar uma ação criminosa de que fora vítima.
Disseram os Espíritos que esse fato era o início de um movimento de caráter praticamente universal, para unir os homens, convencer as mentes para a imortalidade da alma, despertar a Humanidade para a vida espiritual.
Convém reconhecer aqui a envergadura moral do casal Fox. Contrariados e perseguidos pela Igreja Metodista a que pertenciam, preferiram de lá ser expulsos, a negar os fenômenos espíritas. Eles não abdicaram da verdade de que foram testemunhas. Este acontecimento repercutiria na Europa, despertando as consciências e, ao lado dos fenômenos das "mesas girantes", prepararia o advento do Espiritismo.
Agora, tendo estas informações, prossigamos.
RIVAIL E AS MESAS GIRANTES
Hannah Weeckman, ex-inquilina da casa, citada no livro "História do Espiritismo" de Arthur Conan Doyle, deu o seguinte testemunho: "Meu marido, eu e a empregada nos levantamos imediatamente para ver o que se passava. Ela sentou-se na cama em prantos e nós custamos a verificar o que se passava. Disse ela que algo se movimentava acima de sua cabeça e que sentia um frio sem saber o que era. Disse havê-lo sentido sobre ela toda, mas que ficara mais alarmada ao senti-lo sobre o rosto."
Lucretia Pulver, empregada do casal Bell que, em 1844, habitara a casa, deu também seu testemunho: "A Srta. Aurélia Losey ficou comigo naquela noite; ela também ouviu o barulho e ambas ficamos muito assustadas; levantamo-nos, fechamos as janelas e trancamos a porta. Parece que alguém andava pela despensa, na adega, e até no porão, onde o barulho cessava." Era esta a situação da casa, quando o pastor John D. Fox nela se instalou com sua família.
John atribuía os ruídos à madeira com a qual a casa fora construída e aos ratos existentes na adega. Porém, na noite do dia 31 de março, foram ouvidos ruídos com maior intensidade por todos os lados da casa e, segundo a Sra. Fox, "produziam um certo movimento nas camas e cadeiras, a ponto de notarmos quando deitadas". O pastor John Fox, acreditando que alguém estivesse brincando consigo, saiu pé ante pé e examinou a casa pelo lado de fora e, depois, intrigado, todos os compartimentos da casa. Nada encontrou; estava tudo normal, porém, os ruídos, inclusive de passos, prosseguiam, e todos puderam ouvir.
Naquela noite, Katerine, a filha mais nova, desafiou a força invisível. Bateu um certo número de palmas. E soou na parede de madeira, imitando-a, o mesmo número de pancadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse brincando: "Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro". E bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Margareth teve medo de repetir o ensaio. Então Katerine, ou Kate, como seus familiares a chamavam, disse, na sua simplicidade infantil: "Oh! Mamãe! Eu já sei o que é. Amanhã é o dia 1º de abril e alguém quer nos pregar uma peça!” Estava, assim, estabelecida a telegrafia espiritual. A Sra. Fox, ao lado do marido, pediu ao "espírito batedor" que dissesse a idade de cada um de seus filhos. O resultado do teste espantou a todos. Batidas se fizeram ouvir de forma que, a cada seqüência de batidas que correspondia a idade de cada um, era feita uma pausa. Insistiu a Sra. Fox, perguntando se era um ser humano que conversava com ela. O silêncio se fez angustiante. Perguntou se era um Espírito, e fortes batidas se fizeram ouvir por toda a casa.
A Sra. Fox, continuou a perguntar: "Se for o Espírito de um assassinado dê duas pancadas." Duas pancadas foram ouvidas. John Fox foi rápido chamar a Sra. Redfield, sua vizinha, que fez um novo teste; perguntou que idade tinha ela, e obteve do Espírito a resposta correta. Entrou na casa o casal Duesler, e estabeleceu-se uma linguagem através de código, onde a letra A correspondia a uma pancada, B a duas, e assim por diante.
O Espírito chamava-se Charles B. Rosma; fora mascate; seu assassino chamava-se Bell, antigo morador daquela casa; assassinara-o para lhe roubar quinhentos dólares com uma faca de açougueiro, dando-lhe um golpe na garganta; o corpo fora levado à adega e, na noite seguinte, enterrado ali mesmo.
Foi se formando à porta da casa dos Fox uma fila de aproximadamente trezentas pessoas e o Espírito Charles Rosma deu prova de sua presença. No dia seguinte, David Fox, acompanhado de outras pessoas, fez as primeiras escavações, descobrindo ossos e cabelos. Exatamente em 1904, portanto 56 anos depois, encontrou-se um esqueleto humano ao lado de uma lata que pertencera ao mascate. Os fatos vieram confirmar a estranha denúncia de um morto que, do outro lado da vida, se utilizava de uma lei natural, desconhecida pelo homem, para relatar uma ação criminosa de que fora vítima.
Disseram os Espíritos que esse fato era o início de um movimento de caráter praticamente universal, para unir os homens, convencer as mentes para a imortalidade da alma, despertar a Humanidade para a vida espiritual.
Convém reconhecer aqui a envergadura moral do casal Fox. Contrariados e perseguidos pela Igreja Metodista a que pertenciam, preferiram de lá ser expulsos, a negar os fenômenos espíritas. Eles não abdicaram da verdade de que foram testemunhas. Este acontecimento repercutiria na Europa, despertando as consciências e, ao lado dos fenômenos das "mesas girantes", prepararia o advento do Espiritismo.
Agora, tendo estas informações, prossigamos.
Foi
em 1855, conversando com Sr. Carlotti, outro magnetista, que lhe falou
outra vez, e com grande entusiasmo, desses fenômenos, que Rivail
sentiu idéias novas lhe despertarem na mente. No entanto, o Sr.
Carlotti era corso, de natureza ardente e enérgica. Denizard apreciava
nele as qualidades que distinguem uma grande e bela alma, contudo,
desconfiava de sua exaltação. Fora ele o primeiro a falar-lhe da
intervenção dos Espíritos, e contou-lhe tantas coisas fantásticas que
ao invés de convencer Rivail, aumentou-lhe as dúvidas.
Um
pouco mais de um ano se passara, era num dia de maio de 1856, estava
Rivail na casa da sonâmbula Sra. Roger com o Sr. Fortier, seu
magnetizador. Encontrou ali o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison, que lhe
falaram sobre os fenômenos, desta vez sem exaltação. O Sr. Partier era
um funcionário público, homem de meia idade, instruído, sério e calmo.
Sua linguagem era pausada e isenta de entusiasmos. Pois bem: foi o Sr.
Partier que causou uma viva impressão em Rivail que, convidado a
assistir a uma das experiências realizadas na casa da Sra.
Plainemaison, à Rua Grange-Batelière, 18, aceitou pressuroso. O
encontro foi marcado para uma terça feira, às 20 horas.
Rivail assiste pela primeira vez, na casa da Sra. Planemaison, e testemunha o fenômeno das "mesas girantes" que saltavam e corriam, em condições tais que era impossível haver dúvidas. Presenciou alguns ensaios, ainda bastante imperfeitos, da escrita mediúnica em uma ardósia com o auxílio de uma cesta. Com as idéias ainda indefinidas, Rivail raciocinava. Ali estava um fato que devia ter uma causa. Entreviu debaixo daquela aparente futilidade e da espécie de diversão dos que se utilizavam daqueles fenômenos algo sério, como se fosse a revelação de uma nova lei. Prometeu a si mesmo que iria investigar os fenômenos a fundo.
AS MÉDIUNS SRTAS. BAUDIN
Rivail assiste pela primeira vez, na casa da Sra. Planemaison, e testemunha o fenômeno das "mesas girantes" que saltavam e corriam, em condições tais que era impossível haver dúvidas. Presenciou alguns ensaios, ainda bastante imperfeitos, da escrita mediúnica em uma ardósia com o auxílio de uma cesta. Com as idéias ainda indefinidas, Rivail raciocinava. Ali estava um fato que devia ter uma causa. Entreviu debaixo daquela aparente futilidade e da espécie de diversão dos que se utilizavam daqueles fenômenos algo sério, como se fosse a revelação de uma nova lei. Prometeu a si mesmo que iria investigar os fenômenos a fundo.
Dentro
de pouco tempo, surgiu uma oportunidade de Rivail proceder a
observações diretas: numa das reuniões da Sra. Planemaison conheceu a
família Baudin, que morava na Rua Rochechouart. O Sr. Baudin convidou-o
para ir assistir às sessões que se realizavam semanalmente em sua
casa. Aceitou, e tornou-se um freqüentador assíduo das reuniões.
Eram
as reuniões bem freqüentadas e, além dos assistentes habituais, era
admitido sem dificuldade quem quer que o pedisse. Os dois médiuns
utilizados eram as Srtas. Baudin, que escreviam em uma ardósia com o
auxílio de uma cesta chamada de "cesta pião" ou "cesta de bico" ([2]).
Esse método exigia o concurso de duas pessoas para excluir qualquer
possibilidade de participação das idéias de cada um dos médiuns. Foi
assim, que Rivail, presenciou comunicações seguidas constando de
respostas dadas a questões propostas, e muitas vezes a perguntas feitas
mentalmente, que faziam perceber, de modo evidente, a intervenção de
uma inteligência estranha.
ZÉFIRO, O ESPÍRITO
A
curiosidade e o entretenimento moviam os assistentes. O Espírito que
se manifestava dava o nome de Zéfiro, o que estava bem de acordo com o
seu caráter e o da reunião. Porém era um Espírito muito bom, e
declarava-se protetor da família Baudin. Muitas vezes sabia fazer rir,
outras vezes, dava bons conselhos e não perdia oportunidade de se
utilizar do dito mordaz e espirituoso. Rivail travou com ele boas
relações, dando-lhe constantemente provas de grande simpatia. Zéfiro
não era um Espírito muito adiantado, porém, assistido mais tarde por
Espíritos superiores, ajudou Rivail em suas primeiras obras. Depois de
dizer que ia reencarnar, nunca mais se ouviu falar dele.
PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE ESPIRITISMO
Foi
ali, nas reuniões da casa da família Baudin, que Rivail fez os
primeiros estudos sérios sobre o Espiritismo, mais pelas observações
que pelas revelações. Aplicou a essa nova ciência, como sempre fizera, o
método da experimentação. Nunca se utilizou de teorias preconcebidas.
Observava, comparava e deduzia as conseqüências. Era através dos
efeitos que procurava se aproximar das causas. Deduzia pelo
encadeamento lógico dos fatos. Só admitia uma conclusão como válida
quando esta conseguia resolver todas as dificuldades da questão -
procedimento este que utilizou também em seus trabalhos anteriores
desde a idade de 24 anos.
Compreendeu Rivail, desde o início, a importância da pesquisa que estava empreendendo. Enxergou naqueles fenômenos a chave do problema do passado e do futuro da Humanidade, tão confuso e controvertido - a solução do problema que havia buscado durante toda a sua vida. Era preciso agir com prudência e não se deixar levar por ilusões.
Um dos primeiros resultados de suas observações foi descobrir que os Espíritos, nada mais sendo que as almas dos homens, não possuíam nem a suprema sabedoria nem a suprema ciência. Que seu saber era limitado ao grau de seu adiantamento e que sua opinião só tinha o valor de uma opinião pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o início, o livrou do grande perigo de acreditar em sua infalibilidade, impedindo-o de formular teorias prematuras baseadas no que dizia um ou no que diziam outros.
As sessões da casa do Sr. Baudin, que até aquela data não tinham tido uma finalidade determinada, agora aconteciam de forma organizada e útil; as frivolidades desapareceram. Rivail tomou a seu cargo procurar resolver problemas interessantes sob o ponto de vista da Filosofia, da Psicologia e da natureza do mundo invisível. A cada sessão levava consigo perguntas preparadas e metodicamente dispostas que eram sempre respondidas com precisão, profundidade e lógica. Se acontecia de Rivail faltar a uma dessas sessões, as pessoas ficavam sem saber o que fazer, pois as perguntas fúteis perderam seu atrativo para a maioria dos freqüentadores.
COMEÇA A SURGIR O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Compreendeu Rivail, desde o início, a importância da pesquisa que estava empreendendo. Enxergou naqueles fenômenos a chave do problema do passado e do futuro da Humanidade, tão confuso e controvertido - a solução do problema que havia buscado durante toda a sua vida. Era preciso agir com prudência e não se deixar levar por ilusões.
Um dos primeiros resultados de suas observações foi descobrir que os Espíritos, nada mais sendo que as almas dos homens, não possuíam nem a suprema sabedoria nem a suprema ciência. Que seu saber era limitado ao grau de seu adiantamento e que sua opinião só tinha o valor de uma opinião pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o início, o livrou do grande perigo de acreditar em sua infalibilidade, impedindo-o de formular teorias prematuras baseadas no que dizia um ou no que diziam outros.
As sessões da casa do Sr. Baudin, que até aquela data não tinham tido uma finalidade determinada, agora aconteciam de forma organizada e útil; as frivolidades desapareceram. Rivail tomou a seu cargo procurar resolver problemas interessantes sob o ponto de vista da Filosofia, da Psicologia e da natureza do mundo invisível. A cada sessão levava consigo perguntas preparadas e metodicamente dispostas que eram sempre respondidas com precisão, profundidade e lógica. Se acontecia de Rivail faltar a uma dessas sessões, as pessoas ficavam sem saber o que fazer, pois as perguntas fúteis perderam seu atrativo para a maioria dos freqüentadores.
A
princípio, Rivail só tinha em mente se instruir. Porém mais tarde,
quando viu que aquelas comunicações formavam um conjunto e tomavam
proporções de uma doutrina, teve a idéia de publicá-las para que todos
se instruíssem. Foram aquelas mesmas questões que, desenvolvidas e
completadas, constituíram a base do “O Livro dos Espíritos”.
Em
1856, o professor Rivail recebe dos Espíritos a revelação do trabalho
que tem de desenvolver na Terra. E assim surge o pseudônimo Allan
Kardec, com o intuito separar das obras pedagógicas escritas pelo
professor Rivail, as obras da codificação que eram feitas agora pelo
Sr. Allan Kardec. O pseudônimo foi escolhido porque correspondia a um
nome que teria usado em uma encarnação pregressa revelada por um
Espírito que dizia conhecê-lo de remotas existências, uma das quais
passada no mesmo solo da França, onde a sua individualidade tinha
revestido a personalidade de um druida chamado Allan Kardec.
A
18 de abril de 1857 raiou para a humanidade a "Era Espírita", ao
surgirem nas prateleiras das livrarias os primeiros volumes de “O Livro
dos Espíritos”.
Em 1° de janeiro de 1858 circula o primeiro número da "Revue Espirite" (Revista Espírita), editada em Paris por Allan Kardec; no mesmo ano foi publicado o livro "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas", e, ainda nesse profícuo 1858, exatamente a 1° de abril, é fundada a "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas".
Em 1° de janeiro de 1858 circula o primeiro número da "Revue Espirite" (Revista Espírita), editada em Paris por Allan Kardec; no mesmo ano foi publicado o livro "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas", e, ainda nesse profícuo 1858, exatamente a 1° de abril, é fundada a "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas".
Em
1859 surge o livro "O que é o Espiritismo". A 16 de setembro de 1860 A.
Kardec publica a "Carta sobre o Espiritismo", em resposta a um artigo
publicado na "Gazette de Lyon". No mês de janeiro de 1861, Allan Kardec
lança a público "O Livro dos Médiuns" e, ainda nesse ano, no dia 9 de
outubro às 10:30 horas da manhã, em Barcelona, Espanha, são queimados
num auto de fé trezentos volumes e brochuras sobre Espiritismo, entre
eles "O Livro dos Espíritos".
Em fevereiro de 1862, Kardec publica "O Espiritismo na sua Expressão mais Simples", e também neste mesmo ano, "Viagem Espírita em 1862".
Em 1864 são editadas as seguintes obras: "Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas" ou "Primeira Iniciação" e "Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo", chamado posteriormente de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
No dia 1º de agosto de 1865 é publicado o livro "O Céu e o Inferno", ou a "Justiça Divina Segundo o Espiritismo". No ano de 1866 surge a "Coleção de Preces Espíritas", um extrato do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Em 1867 vem a público "Estudo a cerca da Poesia Medianímica" e, em 1868, Kardec lança "A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo", e o livro "Caracteres da Revelação Espírita".
RETORNO A PATRIA ESPIRITUAL
Em fevereiro de 1862, Kardec publica "O Espiritismo na sua Expressão mais Simples", e também neste mesmo ano, "Viagem Espírita em 1862".
Em 1864 são editadas as seguintes obras: "Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas" ou "Primeira Iniciação" e "Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo", chamado posteriormente de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
No dia 1º de agosto de 1865 é publicado o livro "O Céu e o Inferno", ou a "Justiça Divina Segundo o Espiritismo". No ano de 1866 surge a "Coleção de Preces Espíritas", um extrato do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Em 1867 vem a público "Estudo a cerca da Poesia Medianímica" e, em 1868, Kardec lança "A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo", e o livro "Caracteres da Revelação Espírita".
Depois
deste grandioso trabalho, no dia 31 de março de 1869, com 65 anos de
idade, em Paris, vítima da ruptura de um aneurisma, Allan Kardec
retorna à Pátria Espiritual. Sua missão se completa, no entanto, somente
no ano de 1890, quando é editado o livro "Obras Póstumas", reunindo os
últimos escritos do grande Codificador.
BIBLIOGRAFIA
Vida e Obra de Allan Kardec - André Moreil, 1977 - Editora EDICEL O Principiante Espírita - Júlio de Abreu Filho - Editora Pensamento História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle - Editora Pensamento Kardec, Irmãs Fox e outros - Jorge Rizzini - Editora Eldorado Espírita de São Paulo Grandes Vultos do Espiritismo - Paulo Alves de Godoy - Edições FEESP Espiritismo Básico - Pedro Franco Barbosa - Edições FEB Revista Informação N.35 Obras Póstumas - Allan Kardec - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
([1])
Aqui existe um engano do biógrafo André Moreil, pois Allan Kardec, na
"Revista Espírita" de junho de 1862, rebatendo a um padre sobre o tema
'Os milhões do Sr. Allan Kardec', diz o seguinte: “... jamais morei em
Lyon e, pois, não vejo como lá me tivessem conhecido pobre"; concluímos
assim que partiu ele de Lyon ainda criança para estudar em Yverdun, e
quando voltou à França, foi direto para Paris. É de se estranhar tal
erro, pois Moreil faz esta referência no mesmo livro (Vida e Obra de
Allan Kardec) na página 53. Nota do Autor.
([2])
Cesta-pião ou cesta de bico, pequena cesta à qual se ajusta um lápis
para escrever. As médiuns, as meninas Baudin, colocavam os dedos da mão
nas bordas da cestinha e ela se movia sobre uma lousa.
Colaborou no desenvolvimento ortográfico deste texto: Maria Luiza Palhahttp://aeradoespirito.sites.uol.com.br http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/A... Equipe Vinha de Luz
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